Desde o lançamento, em 2014, a linha de smartphones com Android One cresceu, e a Lenovo acaba de trazer o primeiro representante do programa ao Brasil, o Motorola One. Confira agora o que achamos do mais novo celular da Lenovo que traz a proposta de ser elegante e potente, sem pesar no bolso.
Motorola One: Bonito como uma maçã
O design do Motorola One causa um impacto direto. O smartphone foge do design padrão da linha Moto, o que demonstra um suspiro de criatividade na marca, porém essa criatividade é um tanto limitada, uma vez que fica claro a inspiração no iPhone X. Apesar do corpo de plástico, nos deparamos com um smartphone muito bonito e que transborda elegância. Por mais que não seja vidro na traseira e alumínio nas bordas, o trabalho da Motorola foi tão bem-feito que o plástico passa despercebido aos olhos. As dimensões de 149,9 mm de altura, 72,2 mm de largura e 7,97 mm de profundidade se materializam num aparelho esbelto, nas medidas certas para os padrões atuais e com apenas 162 gramas. O design do Motorola One chega com um ar de renovação necessária da divisão de smartphones da Lenovo. Em minha opinião pessoal, o Motorola One, especialmente na cor branca, é o smartphone mais bonito que a empresa já fez, a frente alguns pontos do Moto G6 Plus na cor índigo.
A era notch chega para todes
Aqui temos o primeiro celular da Motorola com notch, encarando a polêmica da Apple que se tornou tendência de mercado. Para aqueles que não gostaram do notch do iPhone X, a realidade pode impressionar. Pessoalmente o notch no Motorola One deixa o aparelho com um visual bastante diferente, e se olhar rapidamente parece que se está usando um smartphone da Apple 3 mil reais mais caro. Graças ao notch, a tela ocupa 81% da frente do Motorola One, contra 77% do Moto Z3 Play. Para isso, o leitor biométrico está posicionado na traseira do aparelho, na logo da Motorola. A tela do Motorola One poderia ser ótima: 5,9 polegadas, proteção Gorilla Glass e um painel IPS que consegue reproduzir bem as cores. Porém, houve um grande erro ao decidir a resolução HD+ (720 x 1520). É justificável se foi para manter o preço competitivo, mas não ainda é frustrante ver vídeos, jogar e basicamente usar o celular travado na resolução 720p.
A grande promessa do Android One
O maior destaque do Motorola One não é seu design ou tela, é ser o primeiro smartphone do programa Android One no Brasil. Como já explicado, essa iniciativa do Google tem como intuito padronizar os smartphones com Android puro. Isso não significa que o sistema é livre de modificações da fabricante. Como já discutido no review do Moto G6 Plus, é errado que a Lenovo venda seus celulares dizendo possuem Android puro, pois na verdade não são e o discurso ajuda a “demonizar” as alterações que eles próprios fazem. No caso do Motorola One, o Android 8.1.0 Oreo vem com modificações da Lenovo, mas são mínimas e ajudam bastante no uso do smartphone. O app Moto exibe features exclusivas da fabricante para o Motorola One, porém bem menos numerosas que nos outros celulares da marca, devido a restrições do Android One. Portanto, aqui temos apenas o Moto Tela (tela esmaecia mostrando sutilmente o relógio e as notificações) e o Moto Ações (somente com agitar para ligar lanterna e girar para ligar a câmera). O Android entrega uma experiência bastante robusta na edição Oreo. A versão 8.1.0 não traz novidades significantes, como tem sido há um tempo no sistema operacional. Entretanto, o uso é sempre fluído, tirando bom proveito do hardware. Há uma visível aliança entre performance e eficiência energética, como prometido pelo Google com o Android One. Porém, há um importante questionamento. Em 2017 a Google afirmou que os celulares com Android One seriam os primeiros a receber o Android 9. Por que o Motorola One não veio com o Android 9 e não possui nem previsão para a atualização? O mesmo problema se repete com os Xiaomi Mi A1, A2 e A2 Lite, que também fazem parte do programa de unificação. Ao que parece, fomos ludibriados por toda a explicação do Google na I/O 2017 sobre atualizações mais rápidas no Android One. O preço a se pagar é de smartphones ainda despreparados para lidar com seu display 19:9, é o que se vê no Motorola One. Em muitos aplicativos, nota-se uma má adaptação à tela alta e arredondada nos cantos. Em jogos, como PUBG, botões chegam a ficar ausentes da tela. Enquanto ao notch, mostra-se apenas como adequação à tendência, pois ele acaba por prejudicar a experiência às vezes. O Android ainda não sabe aproveitar o notch e faz dele apenas um detalhe que ocupa espaço necessário. A barra superior, que naturalmente mostra os ícones que possuem notificações pendentes, se limita a apenas um ícone ao lado do relógio. É evidente que o Android Oreo não é o ideal para smartphones com display 19:9 e notch, ao contrário do iOS no iPhone X. A Apple soube trazer novas formas de interação com o iPhone X, coisas que o Google vem tentando incorporar no Android 9 Pie.
Carinha de 18, corpo de 42
O design atualizado do Motorola One esconde um hardware velho e já batido. A Motorola insiste em colocar processadores antigos em seus smartphones, é o que fica claro pois o Motorola One ainda carrega o Qualcomm Snapdragon 625, o mesmo do Moto Z Play (2016). A Qualcomm oferece alternativas recentes que são mais competentes, como o Snapdragon 636. Ignorando esse problema de lentidão do próprio mercado, o desempenho do Motorola One é satisfatório. O processador octa-core de 2 GHz oferece agilidade para abrir aplicativos, aliado aos 4 GB de RAM, o resultado é uma navegação fluída, sem engasgos. Porém, ao entrar no cenário gaming, a GPU Adreno 506 mostra sua idade e requer configurações gráficas baixas para rodas bem os jogos. O usuário pode se sentir bem à vontade com os 64 GB de armazenamento interno, com expansão para cartão microSD de até 256 GB. Já a bateria repete o padrão 3.000 mAh, sem impressionar. O Android One se compromete a gerir bem a energia, então se garante que o Motorola One tenha uma bateria que dure o dia todo com folga. O carregamento TurboPower não é tão rápido quanto em outros aparelhos da empresa. O Motorola One chega aos 33% na primeira meia hora de recarga, enquanto o Moto G6 Plus chega a 48%, o que deve acontecer devido ao processador ser mais recente e potente. Porém, isso não tira do Motorola One o mérito de ser um aparelho com carregamento TurboPower.
Alinhadas verticalmente, mas não potentes quanto aquele
As câmeras do Motorola One foram outro ponto a se limitar para oferecer um preço competitivo. O conjunto da câmera traseira é composto por 13 MP (f/2.0) + 2 MP (f/2.4). Ainda há um flash de único LED. O resultado prático das câmeras está dentro do esperado, o que não significa ausência de problemas. As câmeras conseguem capturar bem os momentos, nisso não decepciona. O nível de detalhes nas fotos é satisfatório para um celular intermediário, dar zoom nas fotos prova isso. Porém, as imagens podem sair escuras. Existe uma clara confusão no software para determinar o nível de brilho e contraste, sempre pendendo para exageros. Porém, o recurso de HDR é muito bem-vindo e acaba por solucionar esse problema e apresentar fotos bastante bonitas. As cores são outro ponto forte da captura. As cores são vívidas, mas não irreais. O resultado se faz novamente satisfatório. Com o passar o dia, as fotos vão perdendo nitidez e as aberturas de lente 2.0 (principal) e 2.4 (secundária) mostram sua fragilidade. É fácil que a comum saia borrada em ambientes noturnos, mesmo com a presença de fontes de luz. Entretanto, mesmo de noite, as fotos podem sair com qualidade decente, ainda que com poucos detalhes finos. As fotos de modo retrato impressionam por conseguirem dar um desfoco bonito, algo não alcançado em outros smartphones intermediários. Entretanto, assim como seus semelhantes de preço, o modo retrato só é possível bastante perto do objeto, e com um processamento um tanto lento. A câmera de selfie tem 8 MP, com abertura de lente f/2.0 e flash LED. Para o público comum, as fotos podem ser muito boas, mas para aqueles que querem qualidade maior mesmo de noite ela se mostra regular. Ainda assim, no geral, a câmera captura bem os momentos e tem recurso HDR também – só é necessário ficar parado um pouco para não sair borrado. Para vídeos, o Motorola One grava em Full HD com 30 FPS. Há suporte há câmera lenta, time lapse, captura de foto durante gravação, animação seletiva em fotos e transmissão ao vivo no YouTube. Porém, devido à falta de um estabilizador, os vídeos podem sair facilmente tremidos, com muito ruído visual, além de cores lavadas.
Intermediário em pele de premium
O Motorola One é um avanço para a marca. Representa um desapego ao antigo design cansado da empresa, adota uma tela 19:9 com notch, introduz o Android One ao Brasil e tem câmeras simples, mas competentes. Porém, há também motivos em todos os quesitos que justificam o modelo estar na categoria de celulares intermediários. Novamente, entramos no discurso de que a Motorola está competindo consigo mesma lançando tantos smartphones parecidos em hardware. O Motorola One não deveria ter o mesmo processador do Moto G5 Plus, mas tem. Contudo, diferente da disputa Moto G6 Plus x Moto X4, por exemplo, o Motorola One consegue trazer mais novidades, desde a tela até o sistema operacional (com garantia de 2 anos de grandes atualizações). Com certeza o preço será decisivo a quem pretende comprar um aparelho como o Motorola One. O aparelho tem preço sugerido de R$ 1.499, no entanto os varejistas ainda não vendem a um preço baixo, sendo R$ 1.422,62 o melhor já registrado até o momento. Recomendamos aguardar o Black Friday 2018, em que se espera uma queda relevante do preço. No final, o Motorola One se mostra como um celular esbelto, bonito, com potência para o cotidiano, ainda que não seja recomendado para quem gosta de usos específicos, como fotos (câmeras simples), ver séries (tela HD) e jogos (Snapdragon 625). Se você apenas quer um celular bonito e responsivo, pode olhar com carinho para o Motorola One.